Após nos aventurarmos no Jalapão seguimos viagem para Goiás. Depois de já termos conhecido a Chapada Diamantina na Bahia, pensávamos que já não iríamos nos surpreender, engano nosso. Descobrimos que cada uma das Chapadas tem suas particularidades, compreender cada uma delas é o segredo para aproveitar o que cada uma possui de melhor. E a Chapada dos Veadeiros é repleta de longas trilhas e gostar de caminhar é primordial para curtir os melhores lugares dessa chapada.

Nossa base foi a cidade de São Jorge GO, a cidade mais próxima do Parque da Chapada dos Veadeiros. Ficar ali é esquecer do mundo e viver uma realidade paralela. Uma pequena cidade de poucas ruas de terra, algumas pousadas, campings e restaurantes e muita gente que curte a natureza.

A Chapada dos Veadeiros é formada por algumas cidades, por isso, algumas atrações estão um pouco distantes de São Jorge. Estar de carro ajuda muito na locomoção entre as atrações. Mas caso esteja sem, há no lugar algumas poucas agências com opções de transfer, e também há a opção de carona com os aventureiros que ali estão e que podem se tornar amigos.

Assim que chegamos giramos a cidade para procurar uma pousada em conta, mesmo sendo uma cidade simples, não foi muito fácil achar uma bem em conta. Mas conseguimos a Pousada Valle das Pedras, da Cris, que nos atendeu super bem a preço justo, mesmo sem café da manhã. Instalados, começamos a pesquisar tudo que teríamos de atrações e, com isso, priorizamos nossas próximas aventuras para aproveitar ao máximo nossos 3 dias por ali. Nesta pesquisa descobrimos que o sinal de celular ali é fraco e poucos são os lugares que oferecem wifi, quando tem é péssima. Sendo assim, aproveite o lugar para se desconectar do mundo moderno e se conectar com a natureza.

Durante o dia, são poucas as opções abertas para comer na cidade. A maioria dos restaurantes só abre à noite e, como os passeios são de longas trilhas, leve sempre água, fruta, barra de cereal ou um lanchinho para aguentar o tranco e matar a fome. Um mercadinho na avenida principal ajuda com essas necessidades básicas. À noite vai ser mais fácil comer bem, há mais opções de restaurantes e até barzinhos. Descobrimos a Pizzaria Pizza do Pedaço, ao lado do Dragão Gelado, massa fininha e bem saborosa, foi nossa janta por duas noites seguidas hehehe.

Começamos pela visita ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Para conseguir entrar no parque é preciso chegar até meio dia, depois disso ninguém entra, isso porque eles consideram que os visitantes devem retornar até o horário de fechamento do parque. São três opções de trilhas ali: 1- “Travessia das Sete Quedas”, 23,5 km, de 2 a 3 dias de trilha, existe a possibilidade de acampar dentro do parque. 2- “Trilha dos Saltos”, 11 km ida e volta, percorre as principais cachoeiras e corredeiras. 3- “Trilha dos Cânions”, 12 km ida e volta, percorre cachoeiras e cânions. Ainda existe uma quarta opção para pessoas com dificuldade de locomoção, 4- “Trilha da Siriema”, 800 m ida e volta. Cada uma delas leva a diferentes atrações e, pelas distâncias, é quase impossível fazer mais que uma no mesmo dia. Escolhemos ir pela trilha dos saltos, foram 5,5 km para ir e 5,5 km para voltar.

Nesta opção fomos até a cachoeira do Rio Preto, queda de 120 metros, e a cachoeira do Garimpão, queda de 80 metros, e depois passamos pelas corredeiras. A volta é mais puxada que a ida pois tem mais subida, mas dá para suportar. A cachoeira do Rio Preto é para admiração, realmente linda entre os paredões de pedra e a paisagem do parque. Um pouquinho mais à frente está a Cachoeira do Garimpão, essa possui uma piscina natural entre areia e pedras, que os visitantes podem se refrescar, ou melhor, congelar, hehehe.

Águas transparentes e geladas, mas não é possível chegar até embaixo das quedas d’água, faixas de segurança demarcam o lugar até onde podemos ir. Na volta passamos pelas corredeiras, pequenas quedas de água entre pedras, muitos param ali para tomar sol e fazer piquenique. Se levar um lanche será um ótimo lugar para isso. Chegamos ao parque as 8hs da manhã e saímos de lá quase as 14hs., isso para a primeira trilha, e cansados para emendar outra. Ou seja, uma trilha por dia, ok?

Além do Parque, que tem entrada gratuita e está bem pertinho do centrinho da cidade de São Jorge, a maior parte das atrações da Chapada dos Veadeiros está mais afastada e dentro de propriedade particular, ou seja, paga-se para entrar. Fomos então para o famoso Vale da Lua. Fomos de São Jorge pela estrada asfaltada sentido Alto Paraíso de Goiás e seguimos as placas para o Vale. Um pouco de estrada de terra e lá estávamos. Pagamos R$ 20 a entrada, por pessoa, e adentramos por uma pequena trilha, cerca de 600 metros até chegar às rochas escuras do Vale. Realmente é algo muito exótico, as crateras nas rochas nos remetem realmente às imagens que temos na Lua e por baixo das pedras passam as águas. Descendo um pouco chegamos a uma piscina de águas congelantes e cristalinas. O Clau entrou, ele entra em todas, e eu só admirei de longe pois quando coloquei meus pezinhos eles ficaram amortecidos de tão congelados e desisti.

Ali no vale, conversando com alguns outros aventureiros, eles nos falaram de alguns locais que possuíam piscinas de águas termais. Após longas caminhadas e águas mega geladas, ficamos super animados em relaxar em águas quentes. Seguimos então até o Eden Águas Termais, chegamos já era mais de quatro da tarde e pagamos R$ 20 por pessoa a entrada. Eles possuem duas piscinas de água termal, com águas mornas e correntes em meio à mata, realmente o lugar ideal para relaxar corpo e mente. Ficamos ali até o entardecer. Lugar lindo e ótimo para fazer amigos, ali conhecemos o simpático casal Sérgio Zanonni e esposa, por coincidência, paranaenses.

Tínhamos apenas mais um dia na chapada e tivemos que escolher a dedo nossa última atração antes de seguir viagem. Ficamos muito em dúvida entre a Cachoeira Santa Barbara e a do Segredo. A primeira ficava muito distante e lemos que o acesso não era muito fácil à região, então optamos pela Cachoeira do Segredo. Chegamos lá de manhã cedo e nossa dúvida foi se encararíamos de carro ou a pé as várias travessias pelo rio. Como ainda teríamos muito Brasil pela frente, e nosso carro intacto seria primordial, optamos por caminhar 6 km a mais do que colocar o carro em risco. Deixamos ele estacionado na última parada, pagamos a entrada de R$ 30 por pessoa, e seguimos andando. Quem optar por ir caminhando como nós pode optar por trilhas, que encurtam um pouco o caminho. Mas as passagens pelo rio continuam, sabendo disso, nós fomos de tênis de trilha para a caminhada e levamos chinelo para as passagens pelo rio. Em alguns lugares há pedras para ajudar na travessia, mas sempre molhamos os pés. Essa trilha foi longa e intensa até chegarmos à Cachoeira do Segredo. Se optar por ir de carro, o caminho diminui de 6 km para 3 km cada trecho.

No meio do nada, após 6 km de trilha, muitas pedras e um poço profundo de águas congelantes até chegar embaixo dessa cachoeira que, pela dificuldade de chegar, deve ter sido segredo por muito tempo. Uma corda entre as margens e a cachoeira ajudam quem, como eu, não sabe nadar, a chegar bem perto. Mas depois de ter ido até lá embaixo o Clau e eu ficamos pensando no perigo de não se saber nadar num lugar desses. Fica a dica, muita atenção pois uma emergência num lugar remoto como esse é muito perigoso. Na volta, optamos por voltar pelo caminho dos carros e não pela trilha, isso pela esperança de conseguir alguma carona de quem encarou as passagens de rio com o carro. Só conseguimos a tão esperada carona no último km da volta, mas ok, já estávamos mortos de cansaço. O total de 12 km, ida e volta, mais o exercício de nadar na cachoeira, nos deixou exaustos.

Aos aventureiros de plantão, a Chapada dos Veadeiros é realmente incrível. Tem muito mais coisa que não contamos aqui porque não tivemos a oportunidade de conhecer, mas com certeza é um lugar que voltaremos. São muitos lugares lindos e que valem a visita. Gosta de trilhas, cachoeiras e natureza? Esse é o seu lugar!

Super Dicas:

– Como Chegar: A Chapada dos Veadeiros é um conjunto de atrações formada por algumas cidades ao norte do estado de Goiás. Duas cidades são consideradas pontos chaves para aproveitar o lugar: a pequena São Jorge, que é onde fica o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, e a cidade de Alto Paraíso de Goiás. Elas ficam a cerca de 460 km da capital Goiânia, e para ir pra lá de carro é super tranquilo pois a estrada, mesmo simples, foi asfaltada recentemente e está ótima. De Brasília são 260 km. Acesse o site do parque para mais informações, clique aqui.

– Onde Ficar: Nós optamos por ficar na cidade de São Jorge pela proximidade com o Parque e várias das atrações que estávamos interessados em conhecer. Uma cidade pequena, mas que possui o necessário para uma boa estada.

– O que fazer: Atrações é o que não faltam na Chapada dos Veadeiros, então, dependendo do tempo que tiver disponível para ficar por ali, é importante priorizar as que mais lhe interessam e fazer a agenda considerando também as distâncias, principalmente das trilhas, pois são longas e nem sempre se consegue fazer mais que uma longa trilha no mesmo dia. Vai depender do seu preparo físico. Pelo menos uma das trilhas do Parque, Vale da Lua e Cachoeira do Segredo (apesar da intensa trilha) valem super a pena. A Cachoeira Santa Bárbara não fizemos, mas queremos voltar para fazer essa que parece ser uma das mais lindas da região. Se resolver ir lá, nos conte como foi.

– Acesse os posts das outras Chapadas do Brasil, Chapada Diamantina e Chapada dos Guimarães.

– Estivemos na Chapada dos Veadeiros em Agosto de 2016.

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